O campo precisa da tecnologia para vencer os desafios produtivos dos próximos anos. Esta tecnologia, porém, precisa chegar ao produtor rural de forma precisa e objetiva, demonstrando sua necessidade e alta eficiência. O alerta foi dado pelo coordenador de Projetos Cooperativos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Renato Torres, durante o Blockmeet – 1º Evento de Blockchain de Mato Grosso, realizado na última quinta-feira (22/08), em Cuiabá.
Na palestra “Transformação Digital no Agronegócio”, Renato apontou que a alta tecnologia está chegando de forma ainda técnica ao agronegócio, os produtores rurais e alguns operadores do setor tecnológico ainda falam línguas bem diferentes. “As empresas que investem em soluções para o campo precisam deixar claro ao produtor rural a relação de investimento e benefício da ferramenta apresentada. A agricultura é uma atividade econômica e se o produtor não tiver de forma clara essa proporção de retorno, ele ficará resistente e pode não investir, criando uma barreira tecnológica”.
"É preciso também ter cuidado na comunicação, enfatizando o impacto, as transformações e o valor agregado que irá trazer à produção. Muitos produtores são até abertos ao novo, mas precisam entendê-lo bem”, indica Renato.
No âmbito da tecnologia, um tipo que está sendo inserido no campo é o Blockchain, que pode ser classificado como um “protocolo da confiança”, ou seja, uma tecnologia de registro distribuído que visa a descentralização como medida de segurança. São bases de registros e dados distribuídos e compartilhados que têm a função de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado mercado. Funciona como um livro-razão, só que de forma pública, compartilhada e universal.
Com exceção das máquinas de alta tecnologia, como plantadoras e colheitadeiras de soja e algodão, entre outras culturas, ainda é pequeno o uso de ferramentas como o blockchain no agronegócio mas a tendência é de crescimento para os próximos anos.
A ferramenta pode trazer inúmeros benefícios e agregação de valor para a produção agrícola, desde o plantio, industrialização, até o momento em que o produto chega ao consumidor final. Os profissionais do setor apontam que o blockchain pode ser uma das soluções para um dos maiores gargalos da produção agrícola, a rastreabilidade do que foi produzido – seja de commodities como soja e milho ou a produção de frutas, verduras e legumes, entre outros.
Outro destaque é a necessidade da tecnologia para garantir a qualidade da produção. “O mercado consumidor está cada vez mais exigente em vários termos, especialmente em relação à sanidade. A tecnologia é fundamental neste processo de garantir a qualidade da produção”, destaca Renato Torres ao MT Econômico.
Solução tecnológica neste setor também foi tema de palestra durante o Blockmeet, entre elas a “IBM-FoodTrust: A nova era da cadeia de suprimento de alimentos”, que apresentou soluções da gigante da área de tecnologia para toda a cadeia de produção agrícola.
Tais soluções se fazem urgentes em um mercado onde a desconfiança do consumidor e o desperdício da produção são imensos. O Blockchain Leader da IBM Brasil, Percival Lucena trouxe números que demonstram que o uso de meios que certifiquem a qualidade e a confiabilidade dos produtos, como as ferramentas disponibilizadas pelo Blockchain, são fundamentais.
De acordo com Percival, apenas um a cada quatro consumidores confia na origem e no ecossistema alimentar atual. Além disso, 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é descartado por ser considerado inaceitável. Outro dado extremamente grave é o de que uma, em cada dez pessoas, tem doenças graves provocadas por alimentos mal conservados ou de origem duvidosa.
“Um dos maiores problemas no setor agrícola e na produção de alimentos é o transporte e a garantia de que esta produção irá chegar com qualidade e dentro do prazo de validade ao seu destino. Ferramentas oferecidas por tecnologias como o blockchain atuam neste controle, oferecem garantias ao produtor e ao consumidor e agregam valor a produção”.
Blockmeet MT
O evento também contou com o painel debatendo o futuro do agronegócio por meio das tecnologias emergentes, tendo como mediador o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar MT, Otávio Celidonio, que abordou os desafios e oportunidades no setor do agronegócio brasileiro.
Para saber mais sobre a programação que aconteceu no evento acesse www.blockmeetmt.com.br.
O primeiro evento de blockchain de Mato Grosso também contou com várias palestras incluindo o blockchain na indústria. Veja mais nessa matéria